SINCOMERCIÁRIOS - Sindicato dos Empregados no Comércio de Jundiaí e Região

// Partiu cedo, nosso Papa //

Publicada em 23/04/2025

Partiu cedo, nosso Papa

Por Milton de Araújo

 

O Vaticano, embora seja o menor Estado do mundo em termos territoriais, exerce uma influência de grande proporção nas questões sociais, políticas e econômicas globais. Sua atuação vai além da esfera religiosa, alcançando áreas centrais da vida em sociedade, como o trabalho e a economia.

 

A Doutrina Social da Igreja oferece diretrizes éticas que moldam o debate internacional sobre justiça social, dignidade do trabalho, distribuição de renda e responsabilidade ambiental. Ao defender princípios como o salário justo, a proteção aos trabalhadores e o bem comum, o Vaticano frequentemente influencia políticas públicas, especialmente em países majoritariamente católicos.

 

Além disso, o Papa e representantes da Santa Sé participam de fóruns internacionais — como a ONU, a OIT (Organização Internacional do Trabalho) e o G20 — onde suas posições são respeitadas por seu apelo moral e humanitário. O Vaticano atua como uma voz de consciência, lembrando os líderes mundiais da necessidade de colocar a dignidade humana no centro das decisões econômicas.

 

Por meio de sua influência moral, diplomática e histórica, o Vaticano valoriza tanto o progresso quanto a justiça social, e foi este o ponto mais contundente no papado de Francisco. Um papa populista, de origem latino-americana, notoriamente preocupado com as questões mais sensíveis da sociedade, como a pobreza, as desigualdades, a crise humanitária em países repletos de refugiados, a guerra entre as nações detentoras de riquezas ante a fragilidade civil. 

 

E é por esse aspecto que a partida do nosso Papa Francisco na manhã deste 21 de abril, segunda-feira pós Páscoa, passados 12 anos de ilibada liderança, nos comove e entristece. Em 2022, o Pontífice fez um pronunciamento direcionado aos trabalhadores da Confederação Geral Italiana do Trabalho, dizendo que "não há sindicato sem trabalhadores e não há trabalhadores livres sem sindicatos".

 

O Santo Papa fazia jus aos fundamentos católicos, sendo “a voz de quem não tem voz”, declaradamente a favor dos sindicatos – o que além de nos fortalecer enquanto entidades sindicais, sustentou nossos alicerces baseados na justiça social, no trabalho decente e na geração de emprego e renda. 

 

Perdemos mais que o maior líder religioso do mundo. Perdemos um ideal humano, um coração fraterno e uma alma forte. Estamos enlutados pela perda do Papa, mas, acima de tudo, pela partida do justo e solidário Jorge Mario Bergoglio.

 

Obrigado, Papa Francisco.